Carlos José Arruda
Professor








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Argentina
Introdução Mais

A Argentina é um pais de vasto território, ocupando a quase totalidade da extremidade sul da América.

Sua grande extensão no sentido norte-sul ( dos 22 aos 42 graus de latitude ) cria uma grande diversidade de climas e territórios, o que somado à presença da Cordilheira dos Andes, com zonas variadas de altitude, constitui um importante celeiro para a agricultura, a pecuária, e a vinicultura.

Terra do tango, de boas carnes e muitos vinhos, a Argentina está entre os cinco maiores produtores de vinho do mundo, com aproximadamente 217 mil hectares de vinhas plantadas, uma produção de três milhões de caixas anuais e exportação de 25% da sua produção.

É o 7º maior consumidor mundial de vinhos e o 9º maior exportador.

Aqui surgiu uma estrela, a uva Malbec, que foi trazida da França, onde seu cultivo foi quase extinto, e se adaptou muito bem ao microclima árido do interior argentino.

Hoje pode-se dizer que a Malbec argentina se tornou a referência dessa variedade, com grande aceitação mundial e vários vinhos ícones de grande reputação.

Desde 1990, vem acontecendo um salto para a qualidade, com a importação de viníferas e investimentos em tecnologia. Com isso, tem chegado ao nosso mercado uma boa oferta de vinhos de qualidade, com uma relação custo/benefício atraente, graças aos benefícios do Mercosul.

O avanço da vinicultura em áreas não exploradas no passado aponta para um crescimento na diversidade e na elegância dos vinhos, seja nas altitudes pré-andinas, na fria e ampla Patagônia e em novas áreas próximas do litoral.

A Argentina caminha para se tornar mais uma estrela no cenário vinícola mundial, fora do circuito europeu, tal como ocorreu com outros países do Novo Mundo, como o seu vizinho Chile, a África do Sul, a Austrália, os Estados Unidos e a Nova Zelândia.


Mapa vinícola da Argentina (Wines of Argentina)

Mapa vinícola da Argentina (Wines of Argentina)

Vinhos da Argentina

Quando a vivinicultura argentina passou a focar em uvas de espécies européias nobres, a qualidade do vinho produzido revelou o potencial vinícola do território, deixando para trás a produção arcaica.

Com modernas técnicas de cultivo e vinificação e explorando seus territórios de altitude, os produtores argentinos aumentaram consideravelmente a produção e a exportação de vinhos de qualidade, seguindo a mesma trajetória do Chile 20 anos depois.

Mendoza e San Juan possuem 90% dos vinhedos, o que evidencia o sucesso dos vinhos da região.

O motor dessa revolução foi sem dúvida a uva Malbec, que evoluiu mostrando bons resultados no clima de Mendoza a ponto de se tornar uma referência mundial para essa uva e conquistar apreciadores internacionais.

Quando a vinicultura avançou para as áreas mais altas, acima de 1000 m, a combinação de clima seco com a insolação extrema e noites frias revelou um terroir privilegiado, que pode produzir vinhos elegantes, com frescor equilibrado e coloração profunda.

Nessa nova realidade, não só a Malbec ganhou: os vinhos de Cabernet Sauvignon, Chardonnay e Cabernet Franc mostram uma elegância inusutada para o Novo Mundo.

Na altitude de Cafayate, no vale Calchaquies, a estrela histórica sempre foi a uva branca Torrontés, outra exclusividade argentina, que produz brancos frescos, aromáticos e elegantes.

Porém, hoje esse território também revelou seus microclimas de altitude, com vinhedos ultrapassando os 3000 m. Ali, a grande descoberta é a Cabernet Sauvignon, surpreendendo com vinhos elegantes como os de Bordeaux, e apresentando um novo produto da altitude: os blends de Cabernet com Tannat, Malbec ou Cabernet Franc, vinhos sem igual no cenário mundial que começam a criar grande interesse para exportação.

Outra uva tinta bastante cultivada na Argentina é a Bonarda, variedade italiana do Piemonte de muita cor e taninos macios. Apesar de produzir bons vinhos varietais, essa não é muito explorada como produto final. Muitos produtores adicionam a Bonarda à Malbec em pequenos percentuais para aproveitar sua cor intensa e as notas de frutas negras.

Desde os vinhedos de altura no Norte, passando pela aridez de Cuyo e as planícies da Patagônia, até os novos projetos à beira do Atlântico, os vinhos argentinos oferecem uma gama de estilos que refletem a identidade de cada região.

Uma planície de altitude típica da vinicultura argentina (Wines of argentina)

Uma planície de altitude típica da vinicultura argentina (Wines of argentina)

Principais Variedades de Uvas Tintas

Malbec, Cabernet Sauvignon, Bonarda, Syrah, Sangiovese, Cabernet Franc, Tempranillo, Pinot Noir

Principais Variedades de Uvas Brancas

Torrontés, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Viognier, Riesling, Chenin Blanc, Pinot Grigio, Verdelho

Geografia e Clima

A principal característica do clima do centro do território argentino é ser árido e seco, daí a se referirem à regiões vinicolas como oásis.

Encontramos oásis caracterizados pela altura, como os Valles Calchaquíes do Norte, outros marcados pela aridez do solo, como os vales situados nas províncias de Mendoza, San Juan e La Rioja, e também oásis de baixas altitude com intensos períodos de maturação, como os Patagônicos.

O clima do interior da Argentina é marcado pela atuação do vento Zonda, (ou sondo) formado pelas brisas frias vindas do polo sul pelo oceano, através do Chile.

Esse vento é responsável pela neve do alto dos andes, onde fica toda sua umidade. Essas mesmas neves dão origem a rios de degelo, principal fonte de irrigação dos vinhedos.

O Zonda desce se aquecendo até as planícies mais baixas, afetando principalmente as regiões de La Rioja, San Juán e Mendoza.

Esse clima desértico traz consequências fundamentais para a vinicultura:

- Grande quantidade de insolação: 3.000 horas por ano

- Grande intensidade de luz ultravioleta, que favorece a maturação das cascas (fenólica)

- Pouca chuva: a média em Mendoza é de 200 mm / ano

- Necessidade de irrigação para evitar o stress hídrico (falta de água nas plantas)

Apesar da sua proximidade com os Andes, as regiões vitivinícolas argentinas, ao contrário do Chile, não ficaram imunes ao ataque da praga Phylloxera Vastatrix.

O clima andino seco no interior da Argentina (imagem Wines of Argentina)

O clima andino seco no interior da Argentina (imagem Wines of Argentina)

Classificação de Vinhos
As águas dos riachos de degelo viabilizam uma irrigação de baixo custo e grande pureza

As águas dos riachos de degelo viabilizam uma irrigação de baixo custo e grande pureza

Para acabar com a falta de clareza e uma certa desregulamentação no uso das expressões RESERVA e GRAN RESERVA nos vinhos argentinos, o Instituto Nacional do Vinho daquele país determinou que os vinhos tenham requisitos mínimos de qualidade para poder utilizar tais nomenclaturas nos rótulos.

Apenas os vinhos elaborados com varietais especificas podem ser utilizadas. São elas:

Variedades Tintas: Malbec, Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Carmenère, Syrah, Pinot Noir, Petit Verdot, Pinot Meunier, Tannat, Lambrusco, Maestri, Barbera, Sangiovese, Bonarda, Tempranillo e Carignan.

Variedades Rosadas: Gewurztraminer, Pinot Gris e Canari.

Variedades Brancas: Chardonnay, Chenin Blanc, Torrontés, Verdelho, Sauvignon Blanc, Semillón, Riesling, Viognier, Moscato Bianco, Pinot Blanc, Prosecco e Petit Manseng.

RESERVA: Na sua elaboração deverão ser usadas uvas de qualidade superior, 135 kg de uvas por hectolitro, no mínimo e envelhecimento igual ou superior a 12 meses para os tintos e 6 meses para rosados e brancos.

GRAN RESERVA: Na sua elaboração deverão ser usadas uvas de qualidade superior, 140 kg de uvas por hectolitro, no mínimo e envelhecimento igual ou superior a 24 meses para os tintos e 12 meses para rosados e brancos.

História

A vinicultura na Argentina começou no ano de 1551, quando colonizadores espanhóis trouxeram variedades de uvas para iniciar uma produção. Localizados no centro e norte do país, as boas condições climáticas da região andina impulsionaram a atividade.

Foi um passado de cultivo de uvas de alto rendimento, um sistema de plantação arcaico e vinhos de baixa qualidade, focado em volume de produção.

Os monges católicos também desenvolveram sua produção própria, baseada em espécies americanas, que produziam um vinho mais doce.

Em 1853 foi criada a primeira escola de agricultura, onde se desenvolveram melhorias na produção de uvas. Michel Pouget, agrônomo francês contratrado pelo governo trouxe mais variedades de uvas francesas, entre elas a Malbec, que se tornaria um sucesso nas províncias de Mendoza e San Juán, com técnicas modernas de vinhedos, entre elas a irrigação.

A incorporação da Patagônia e o desenvolvimento de ferrovias para o interior favoreceu a pecuária e a vinicultura.

Ao final do século 18 existiam 10 mil hectares de vinhedos em produção, que se tornaram mais de 200 mil hectares no início de 1990.

Em 1970 uma queda de produção e a decadência do modelo de grandes volumes e baixa qualidade levou à remoção de 36% dos vinhedos.

A partir de 1980 aconteceu uma retomada de investimentos e aporte de novas tecnologias, como ocorreu em todo o mundo do vinho. Empresários locais e multinacionais investiram na produção de vinhos de qualidade para consumo e exportação.

Muitas novas vinícolas nasceram nos últimos anos, impulsionadas pelo aumento do interesse mundial pelos vinhos argentinos. Diversas destas vinícolas são fruto de investimentos de grupos estrangeiros.

Dados de Produção da Argentina
Área de Vinhedos: 194.512 hectares
Mais informações no site:

Internet www.winesofargentina.org
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