Carlos José Arruda
Professor








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Brasil
Introdução Mais

Apesar da extensão de seu território, o Brasil não tem condições apropriadas para a produção de vinhos de qualidade. O clima tropical do norte e o sub-tropical do centro-sul do país, com chuvas abundantes e temperaturas altas, não favorece o bom desenvolvimento das uvas viníferas.

A maior parte do vinho produzido no Brasil é de vinhos de mesa, produzidos com uvas comuns ou americanas (mais de 80%). O perfil de consumo da maioria do público, reunindo a ausência de cultura de consumo de vinhos e o baixo poder aquisitivo mantém a indústria de vinhos de mesa em atividade.

Apenas na região sul, notadamente o estado do Rio Grande do Sul, o clima frio se aproxima mais das condições ideais de cultivo de uvas viníferas, estando aí localizado o principal centro produtivo de vinhos finos brasileiros.


Mapa vinícola do Brasil

Mapa vinícola do Brasil

Vinhos do Brasil

Novas regiões de produção surgiram mais recentemente, trazendo novos desafios e boas descobertas para a vinicultura do país. Como a vinicultura de qualidade no Brasil é bastante jovem - iniciou-se em 1980 - os resultados e a identificação de tendências ainda variam muito, estando em curso atualmente mais uma exploração imediatista do mercado do que um trabalho alongado de aprimoramento dos possíveis terroirs.

Uma região em observação é o Vale do Rio São Francisco, onde surgiu desde 1995 uma vinicultura experimental em uma latitude impensável na história do vinho (8º), um projeto ousado que vem aguçando a curiosidade mundial. Esta iniciativa aproveita o clima quase desértico do nordeste, com sol abundante, quase sem chuvas e com grandes diferenças de temperatura entre o dia e a noite, mantendo vinhedos irrigados de forma controlada, para obter 2 safras por ano. Os resultados são razoáveis, a produtividade é grande e uma análise aprofundada do futuro desse trabalho ainda está para ser feita.

Desde 2005 a região da Serra Catarinense, tradicional produtora de vinhos de mesa, iniciou a produção de vinhos finos, mostrando resultados crescentes e promissores, apesar de ainda ser uma iniciativa muito recente.

Mais recentemente surgiu um novo polo produtor, o Sul de Minas, na região cafeeira, graças a um projeto de dupla poda dos vinhedos que propicia uma safra de inverno, quando as condições de seca e clima frio se aproximam bastante do clima europeu.

Os resultados das primeiras safras são animadores, já estando disponíveis no comércio vinhos de qualidade, com perfil elegante e bastante típicos.

Regiões Classificadas do Brasil

Atualmente o Brasil conta com 12 Indicações Geográficas regulamentadas, sendo 2 Denominações de Origem (DO) e 10 Indicações de Procedência (IP)

DO Vale dos Vinhedos – Aprovale/RS

DO Altos de Pinto Bandeira - Asprovinho/RS

IP Farroupilha – Afavin - RS

IP Monte Belo – Aprobelo - RS

IP Altos Montes – Apromontes - RS

IP Vale dos Vinhedos - Aprovale - RS

IP Pinto Bandeira – Asprovinho - RS

IP Vinhos de Ibituruna - Apruvibi - PR

IP Vales da Uva Goethe – Progoethe - SC

IP Campanha Gaúcha - Vinhos da Campanha Gaúcha - RS

IP Planalto Catarinense - Vinhos de Altitude P&A - SC

IP Vale do São Francisco - Vinhovasf - BA - MG

História

A história do vinho no Brasil se inicia em 1532, com a chegada do governador Martin Afonso de Souza, quando Brás Cubas planta as primeiras vinhas na capitania de São Vicente, com resultados desanimadores devido ao clima quente e úmido. Nessa época, e por muito tempo, apenas o vinho importado da Europa, principalmente de Portugal e França, foi aqui consumido.

Apenas no final do século XVIII foram Introduzidas as primeiras videiras americanas, que se mostraram muito produtivas e bem adaptadas, determinando um padrão de produção e consumo local de vinhos que perdura até hoje.

Entre 1870 e 1875 teve início a migração italiana para a Serra Gaúcha, instalando-se uma colônia com hábitos ligados ao vinho, que inicialmente elaborou vinhos de mesa para consumo próprio e em seguida avançou produzindo para o consumo de toda a região sul.

Apenas em 1970 , com a chegada ao Brasil das primeiras multinacionais do vinho, foram implantados vinhedos de uvas viníferas, sendo esta a data de início da vinicultura fina em nosso país. Apesar dos investimentos e do trabalho, os resultados não foram de grande qualidade, pois as técnicas de cuidado com os vinhedos europeus em nosso território tiveram de ser desenvolvidas ao longo do tempo.

Nos anos 80 ocorreu um grande desenvolvimento tecnológico, com melhoria de vinhedos e técnicas de cultivo, e muito progresso em técnicas modernas de vinificação.

Na década de 90, com os investimentos em tecnologia já consolidados, tem início uma busca de qualidade e ao mesmo tempo se nota uma popularização do consumo. Mais e mais vinícolas abandonam a produção de brancos e se dedicam aos espumantes, que se mostram competitivos em qualidade e preço, capitaneando um renascimento na cansada indústria nacional.

A virada do século assistiu à consolidação dos novos investimentos em vinhedos e em tecnologia de elaboração de vinhos tintos, com a reputada safra de 1999 apresentando diversos vinhos de qualidade jamais vista em nossa vinicultura.

De 2000 em diante esse progresso não parou mais, com mais e mais vinícolas apresentando produtos de alta qualidade, mas nem sempre de preço popular. Diversos empresários de outros setores têm investido na produção de vinhos de alto nível, objetivando um mercado de exportação onde a presença brasileira tida como exótica vem crescendo em volume e prestígio.

No cenário interno, o volume de produção de vinhos finos vem crescendo, com uma gradativa substituição de vinhedos comuns por viníferas, porém ainda longe de ser um caminho para a substituição do consumo de vinhos de mesa.

A entrada de um público mais jovem como consumidor de vinhos é o alvo para uma indústria local focada em volume crescente de vinhos finos de qualidade básica, que sofrem muita competição dos vinhos baratos do Chile e Argentina, com melhor relação qualidade-preço. Essa concorrência é agravada pelo preconceito ainda arraigado contra o produto nacional.

Soma-se a tudo isso uma juventude conceitual de nossa vinicultura: os produtores não possuem e nem sempre buscam uma referência para sua produção: experimentam um sem número de variedades e todas as tentativas são rapidamente transformadas em produto comercial, valendo mais o marketing que os resultados qualitativos, pois o desconhecimento do público é ainda a mais importante característica de nosso mercado.

O desafio atual é a busca de uma identidade para o vinho brasileiro e o desenvolvimento de barreiras para a entrada de vinhos importados baratos em nosso mercado.

Mais informações no site:

Internet www.vinhobrasileiro.org
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